O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos organiza o relatório; dados dos anos anteriores mostravam violência policial crescente.
Nesta sexta-feira (12), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, Helder Salomão (PT/ES), solicitou a Damares Alves, que comanda o Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos, em caráter de urgência, informações sobre por quê o governo excluiu do relatório do Disque Direitos Humanos os indicadores de violência policial praticada no Brasil no ano de 2019 – primeiro ano da atual gestão.
O parlamentar justifica seu pedido com base no artigo 37 da Constituição, que prevê o princípio da transparência dos dados.
As denúncias cresciam. Em 2016, foram 1000 registros de violência policial. Em 2017, foram 1319 registos – crescimento de 30% em relação ao período anterior. Em 2018, foram 1637 registros, crescimento de 24% . Sobre 2019, há omissão completa dos dados.
Salomão ressalta que a população negra é a principal vítima desta “violência estrutural reproduzida pelas instituições, como as policiais”. O parlamentar acrescenta ainda que será feito um comunicado à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a gravidade do que está acontecendo no Brasil. Para o presidente da Comissão, a omissão dos dados resulta de uma “política deliberadamente genocida”. Para ele, “assim como o governo quer esconder os mortos pela Covid-19, agora quer esconder a violência policial. Mas a violência não acaba colocando-a para debaixo do tapete. Só piora”.
Não apenas com os dados relacionados ao Disque 100 foi possível verificar que a violência policial vinha crescendo. De acordo com o Anuário de Segurança Pública, entre 2017 e 2018 o crescimento foi de 19,6%. Em 2018, 6.220 homicídios foram praticados por policiais. Naquele ano, 11% das mortes violentas intencionais foram pela polícia, resultando em uma média de 17 mortes por dia. Entre 2017 e 2018, o crescimento foi de 19,6%. Setenta e cinco por cento das vítimas são pessoas negras.
CDHM
Por www.camara.leg.br