Quem esteve no bairro Porto Santana, em Cariacica, na manhã deste sábado (07) viu acontecer a 25ª edição do Grito dos Excluídos, que com o tema “Este sistema não vale: lutamos por justiça, direitos e liberdade” pontuou a desigualdade social, a violência contra as mulheres e contra os jovens negros, a reforma de previdência, a degradação da natureza e o assassinato do Padre Gabriel, que completa 30 anos em dezembro.
Foi a primeira vez que a tradicional marcha foi realizada em Cariacica, reduto de atuação do padre Gabriel em defesa dos oprimidos. Sua celebre frase “prefiro morrer pela vida, a viver pela morte”, estampava cartazes e camisas de muitos participantes enquanto percorriam o trajeto que o padre francês costumava fazer durante sua atuação na cidade.
Diversos movimentos sociais, as pastorais sociais, membros da sociedade civil e populares somaram presença no ato por justiça e igualdade.
O deputado federal Helder Salomão (PT-ES) participou da marcha como faz todos os anos. Amigo de padre Gabriel e atualmente presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, o parlamentar, que é morador de Cariacica, destacou a importância da consciência e da união. “Precisamos estar unidos na luta em defesa da democracia, contra o autoritarismo e da retomada do protagonismo do povo. Nossos direitos não podem ser retirados e não podemos conviver com a violência como se ela fosse algo normal. É a união de forças que vai nos levar a um lugar diferente desse que estamos agora”, declarou Salomão.
Durante a passagem da caminhada, muitos gestos de apoio dos moradores dos bairros aconteceram. Muitos abraços, acenos e sinais de positivo foram recebidos por quem participava do evento, carregando faixas e cartazes com frases e palavras que lembravam os direitos dos cidadãos e as injustiças cometidas contra a população. Muitos se emocionaram com a leitura dos textos e declamação dos poemas, principalmente com a declamação de uma poesia que falava sobre o racismo em nossa sociedade.
O Grito dos Excluídos foi um ato de fé, luta, resistência e emoção, principalmente para as inúmeras pessoas que puderam conviver com padre Gabriel. Emocionada, Penha Lopes, moradora de Porto Santana e membro da Associação Padre Gabriel Maire em Defesa da Vida (APGM), definiu “foi um marco! Foi muito significante e emocionante para nós refazer os passos dele na cidade. Gabriel vive em nós”.
O ato foi encerrado com a oração de São Francisco de Assis.