A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados condena a ação criminosa do governo Donald Trump no aeroporto de Bagdá, na última semana. Tal atentado viola todas as normas do Direito internacional, agrava os litígios no Oriente Médio e desestabiliza ainda mais esta região, que vive há décadas sob tensão permanente em razão de disputas geopolíticas e de conflitos pelo controle dos recursos naturais dos seus países.
O ataque dos Estados Unidos, que teve o objetivo expresso de assassinar uma autoridade de um Estado que possui assento na Organização das Nações Unidas (ONU), é algo sem precedentes na história recente. Se este ato não for condenado de forma veemente pela comunidade internacional, toda a humanidade estará sob ameaça de sofrer as consequências de ataques “preventivos” por parte de um governo que age como uma “polícia do mundo” autoproclamada.
Ademais, resta evidente o caráter eleitoreiro da ação ordenada por Donald Trump, que repete um método já empregado por vários dos seus antecessores. O atual mandatário dos Estados Unidos, porém, possui o agravante de estar enfrentando um processo de impeachment, que certamente foi levado em conta na decisão de autorizar o ataque
Repudiamos, também, a posição precipitada e submissa do governo brasileiro, que age como verdadeiro vassalo dos Estados Unidos ao apoiar o infame ataque e instigar a escalada de guerra iniciada por Donald Trump. Enquanto chefes de Estado e dirigentes do sistema ONU expressam preocupação com a paz e fazem apelos nesse sentido, o Brasil despeja gasolina na fogueira acesa por Washington.
Esta posição, além de desrespeitar o sentimento amplamente majoritário do povo brasileiro e as nossas tradições diplomáticas, que sempre se pautaram pela construção do diálogo e das condições para a pacificação de conflitos, atrai para o Brasil o ódio que resulta do ato criminoso do governo estadunidense e, portanto, coloca o País em situação de risco.
Vale lembrar, nesse contexto, que o ex-presidente Lula dialogou diretamente com autoridades do Irã para que se chegasse ao acordo nuclear proposto por Brasil e Turquia e aceito pela nação persa em 2010. Outros acordos vieram posteriormente, mas a ação comandada por Trump teve como consequência imediata o fim de toda a concertação obtida pelo diálogo multilateral ao longo de quase 20 anos.
Por fim, conclamamos a sociedade brasileira a se somar aos esforços de paz que estão embalando o mundo de forma crescente. E cobramos das autoridades brasileiras a responsabilidade que os seus cargos impõem e o momento histórico exige.
Brasília, 6 de janeiro de 2019.